Pedro Florêncio Bastos, conhecido por Pedro de Laura, nasceu em Gentio do Ouro, Bahia, no dia 16 de abril de 1928, filho de José Florêncio Bastos, garimpeiro e de D. Laura Maria Bastos, costureira.
Pedreiro por profissão, trabalhava com mestre Miguel Ângelo Guerreiro, quando, aos dezessete anos, apresentou grave doença mental. Segundo a tradição, “enlouquecer” é condição prévia para a iniciação como “Pai de Santo” do Jarê.
Devido à doença, Pedro de Laura foi tratado por Maria das Gamelas (Mãe de Santo do Jarê, do terreiro localizado no então povoado das Gamelas, em Andaraí, de 1930 a 1960), tornando-o seu “Filho de Santo”, com “Ogum Dererê” como “Orixá de cabeça”. Porém, como rezam os costumes, recebeu o ensinamento sobre o Jarê do fundador do atual quilombo do Remanso, município de Lençóis, chamado Zé Bumba, filho de santo de Zé Rodrigues (este considerado o maior pai de santo da Chapada Diamantina). No Jarê, o filho de santo não recebe ensinamentos de quem o fez como tal, para que não se nivele em conhecimentos com o seu criador.
Após a morte de Zé Bumba, Pedro de Laura começou a atuar no Jarê do terreiro do Remanso, substituindo seu mestre.
Em 1949, com a morte do Pai de Santo Arão, do terreiro da Capivara, a nove quilômetros de Lençóis, assumiu o comando deste terreiro, onde permaneceu até sua morte, em agosto de 1997.
Hoje, sob o comando da “mãe pequena” Maria Áurea e o “pai pequeno” José Henrique (Mussum) o terreiro da Capivara chega a receber de 100 a 180 pessoas nas suas festas que são ( Festa de Oxalá, Iansã, Fechada e Aberta da Casa).
O santuário está em processo de tombamento pelo IPHAN (espaço físico).
O desejo de todos os Filhos de Santo e adeptos do Jarê é tombar esta religião de matriz africana única no mundo, como patrimônio imaterial.