Terreiro Boca da Mata de Ogum Guerreiro

Pai de Santo: Edivaldo  (Dil)

História:

O nosso Jarê é passado de geração em geração. Vem dos avós, pais, mães, e vamos aprendendo como foi construído. O Jarê é daqui da Chapada Diamantina, enquanto o Ketu é de Salvador. Os dois são candomblé, mas a maior diferença entre eles é que a gente toca com as mãos, e no Ketu eles batem no palito. Isso torna as músicas diferentes.

Meus pais contam que minha avó era da macumba, e essa missão talvez seja herança. O meu primeiro pai de santo foi Dazo, e o segundo foi Raimundo. A gente faz os festejos com a ajuda dos amigos e conhecidos, assim como da própria comunidade. Quem acredita contribui, porque sabe que é para fazer o bem.

A festa de Cosme e Damião é no dia 17 de dezembro. Durante a noite anterior começamos a arrumar o altar, e quando dá meia noite a gente termina tudo. Às 3h começamos a matança para 13h sair a mesa das crianças. Por volta de 19h, começamos a rezar e tocamos até de manhã.

Uma cantiga que tocamos na casa é esta:

“Ó, meu senhor Ogum de Ronda

É a sua, ó, trabalhar com Deus

Ó, no clarão da lua”

Muita gente tem preconceito com o Jarê. Realmente tem pessoas que vão pedir para prejudicar outras, mas a maioria faz o contrário: trata da saúde de que precisa de ajuda, sem prejudicar ninguém. Tudo bem alguns não acreditarem no Jarê, mas torcer o nariz eu acho que é preconceituoso. Tem gente que não vem na minha casa por preconceito, alguns evangélicos que passam aqui em frente e dizem que é coisa do diabo, outras pessoas falam: “lá vão os macumbeiros…”. Mas a gente não leva a sério.

Para quem quer iniciar na macumba, eu digo que tem que ter fé, porque não adianta você não acreditar nos santos. Eu nunca mudei a minha forma de pensar, porque foi dentro do Jarê que eu encontrei minha saúde e descobri que correndo atrás dos nossos objetivos a gente alcança. Para mim o Jarê é tudo.

Data e nomes das Festas: 

Dezembro, Santa Barbara