Mãe de Santo: Maria de Lourdes dos Santos
História:
A missão de festejar Cosme e Damião veio para eu ser mãe de santo, só que eu não quis ser mãe, eu quis ser filha. Não aceitei, porque é uma responsabilidade muito grande. Mas já tem uns 20 anos que eu faço todo dia 17 de dezembro festejos para Cosme e Damião e Santa Bárbara. Era meu pai quem fazia, mas quando ele morreu eu tive que assumir. Essa obrigação é herança do cargo dele, tanto que a minha família era toda do Jarê.
Quando eu comecei, pedi a São Cosme e São Damião para me darem força para continuar. Todos os meus festejos são com a ajuda dos meus amigos irmãos de santo e os padrinhos, porque sozinha eu não teria condições de fazer. A união é que faz a festa.
O Jarê daqui de Lençóis começou na Capivara, com Pedro de Laura, ele foi o meu primeiro pai de santo, mas quando ele morreu eu tirei a mão dele e passei para Gildazio, que é meu pai de santo hoje. Fui a primeira filha de santo dele. Além do Palácio de Ogum, também costumo participar dos festejos das casas de Norma, Nailton, Alice, Derina e Valdelice.
Meu guia é Eru, e as minhas festas começam com a matança na noite anterior, para no amanhecer do dia seguinte colocar a mesa das crianças e à noite é a reza. Aí servimos a comida e depois a gente bate o Jarê a noite toda.
Tem uma música que é assim:
“Ó, meu senhor Ogum de Lê
Ó, meu senhor Ogum de Lê
As estrelas que madria de Aruanda aê”
Hoje eu uso a casa de meu padrinho Dio, mas gostaria de ter ajuda para fazer a minha própria casa em Lençóis para manter os trabalhos e fazer os festejos. Eu não gosto de nenhuma outra festa que não seja a macumba, tanto que sou mais próxima do Jarê e não admito nenhum tipo de intolerância.